Loja maçônica propaganda 2 (P2)
Propaganda 2
A CRISE DA MAÇONARIA MUNDIAL
O segredo do que é comentado dentro das lojas maçônicas, a peneira pôr que passam os que a ela são filiados e o compromisso solene de ajuda mútua entre os seus membros, tem gerado lamentáveis desvios em algumas lojas maçônicas. Desvios estes que seus membros mais conscientes e honestos são os primeiros a reconhecer. Freqüentemente a maçonaria tem sido envolvida pôr alguns dos seus membros menos escrupulosos em escândalos e ações pouco recomendáveis, afinal, a maçonaria é uma instituição séria, no entanto, algumas vezes assumem determinados escalões da sua direção homens cuja atitude renegam seus conceitos e imagem. Estes são os velhos lobos que estavam escondidos atrás de peles de ovelhas.
Fora dos EE.UU., a maçonaria não tem um peso político determinante em nenhum país ocidental; só mantém poder e iniciativa no Parlamento Europeu e no Conselho da Europa. Sem entrar em detalhes ou juízo de valor, como veremos, mantém "áreas de influência", tens-se a lamentar que, alguns dos seus membros têm tentado adquirir poder e dinheiro pôr meios ilícitos.
EE.UU. - O IMPÉRIO MAÇÔNICO
Historicamente a maçonaria norte-americana nunca perdeu o ritmo da política na sociedade do seu tempo e sempre tem conseguido colocar os seus membros em postos chaves da administração.
Em torno de 75% dos presidentes norte-americanos, ou tem sido maçons ou são comprometidos com a maçonaria. E nos últimos 30 anos, foram maçons, Lyndon B. Jhonson, Gerald Ford, George Bush, Bill Clinton pertence a "Ordem DeMolay", para filhos de maçons. Ronald Reagan, apoio sua administração nas novas fortunas capitalistas (a que se chamou "dinheiro novo") que surgiram durante os anos setenta e que rivalizavam com o "staff" liberal dos Rockefeller, dos Morgan e os círculos mundialistas), porém não deixou de rodear-se de conhecidos maçons (George Bush) e os membros da Opus Dei (a embaixadora Kirpatrick).
Um dos centros do poder norte-americano onde a maçonaria sempre tem estado comodamente representada é no Pentágono. Calcula-se que, 80% dos altos oficiais do Exército - quase como nos tempos de George Washington - pertencem a alguma das 52 Grandes Lojas (uma para cada um dos Estados da União) é assim que está dividida a maçonaria dos EE.UU. Os generais Collin Powell e Schwarzkopf, que dirigiram as operações na Guerra do Golfo Pérsico, são, assim mesmo, maçons.
A maçonaria americana atual conta com mais de 15.000 lojas e um total de 4.000.000 de filiados, ao que se somam um número idêntico de afiliados em organizações para-maçônicas (a Ordem dos Shriners, só para maçons do grau 30 a 33, a Ordem da Estrela do Oriente, para mulheres de maçons, conta com 2.500.000 membros, a Ordem de Molay para filhos de maçons, a Ordem do Arco Íris e a Ordem de Job para filhas de maçons, etc. Todo isto supõe um peso social e político decisivo e uma rede de ajuda mútua que alcança todos setores e quadrantes da vida norte-americana. Numericamente a maçonaria americana suporta o dobro do resto da maçonaria mundial. Os presidentes norte-americanos, podem até não serem maçons, porém, jamais irão contra os interesses da maçonaria.
A UNIÃO EUROPÉIA - A OBRA PREDILETA DA MAÇONARIA
Em 26 de julho de 1994, Luis Salat, Grão Mestre da maçonaria espanhola afirmava que em torno de "90% das pessoas que propiciaram a União Européia são maçons". A declaração se realizou durante a inauguração da Loja "Estrela Matutina" nª 75, composta pôr 20 maçons de poucos anos. Salat declarou que "os maçons decidiram criar a União Européia no intuito de coibir o absurdo de que, Ingleses, franceses, alemães e outros povos se matem a cada 30 anos".
Dois anos depois, em 8 de junho de 1995, o historiador Josep Carles Clemente reconheceu que a maçonaria propiciou a entrada da Espanha no Mercado Comum com o voto favorável de 60% dos membros do Parlamento Europeu que pertencem maçonaria. Tomás Sarobe, sucessor de Salat, recordou que no início de 1997 mais da metade dos euro-parlamentares eram maçons. Em alguns meios anti-maçônicos se tem chegado a afirmar que o Conselho da Europa é, em si mesmo, uma obediência maçônica, algo excessivo. A partir de 1922, a idéia da reconstrução da Europa, havia sido gerada, veiculada e promovida pôr maçons e foi na maçonaria européia aonde alcançou maior eco. O conde Richard Coudenhove-Kalergi criou em 1922 a União Pan-Européia e a ela se filiaram proeminentes políticos dos quadros da maçonaria da época: Benes (Checoslováquia), Streseman (Alemanha), Herriot (França). E o primeiro Congresso Pan-Europeu estava presidido pôr Benes e a ele assistiram também os maçons Nitti (Itália), Loebe (Alemanha) e Caillaux (França). O impacto da "idéia européia" foi tal que impregno todos os ambientes maçônicos e ocultistas.
Uma das organizações mais misteriosas da época, "Alfa-Galatas", presidida pôr Pierre Plantard, logo Grão Mestre do Priorato de Sión, foi uma das que aderiram entusiasticamente.
A partir de 1946, no pós-guerra européia as distintas obediências maçônicas impulsionaram a criação dos organismos internacionais Pan-Europeu : o Conselho para uma Europa Unida, de Jean Monnet, a Liga Independente de Cooperação Européia de Van Zeeland, a União Parlamentar Européia de Coudenhove.Kalrgi, a Associação Internacional para a Unidade Européia de Joseph Retinger, etc. Todos eles, sem exceção, foram maçons.
Na atualidade, a influência da maçonaria no Parlamento Europeu é decisiva e nossas fontes coincidem com as cifras dadas pelo historiador J.C.Clemente, embora haja discordância quanto a representatividade de cada país, França, Inglaterra, Bélgica e Alemanha, superam a média. Temos que reconhecer que, neste terreno, o papel da maçonaria foi e está sendo extraordinariamente positivo. Graças as lojas se ha podido assegurar a construção da Europa sem riscos de guerra, ao menos no Ocidente, tem sido erradicada. Mais problemática é a participação e a presença de maçons em outras instituições.
MAÇONARIA NOS ORGANISMOS DE SEGURANÇA DO ESTADO
A maçonaria está presente nos corpos de segurança, não só nos EE.UU. (CIA), mas também na Inglaterra (Scotland Yard) e inclusive na policia italiana. Isto tem proporcionado o seu envolvimento em alguns escândalos.
Em 1993 o fiscal italiano Agostinho Córdova deu um grito de alarme ao denunciar que a maçonaria "estava infiltrada" entre os carabineiros e a policia e que pôr isto era impossível investigar sobre as lojas maçônicas e seus laços com a política e a máfia.
Córdova considerado como o fiscal que melhor conhece a máfia calabresa (N?drangheta) e desde 1995 investigava a maçonaria pôr isto afirmou que "o tecido conjuntivo do poder econômico, político e administrativo da Itália". Segundo suas investigações conta com mais de 30.000 maçons e os definiu como "autêntico partido incontrolável e que o dobro da militância pode ser perversa". Em uma rua da de imprensa, referindo-se aos carabineiros, declarou : "Me disseram que não conheciam a existência de lojas em zonas onde é de domínio público" e explicou o boicote dessa existência a "muitos delatores dentro das forças da ordem".
O Ministério do Interior de Córdova, avaliou em uns 100 os maçons que pertenciam às Forças da Ordem Pública. O sindicato majoritário deste corpo (SIULP) pediu a "todos os irmãos albaneses com uniforme que se vaiam". O fiscal assinalou que dos 634 deputados, 28 pertenciam a maçonaria, dos quais, 19 pertenciam a loja P-2. É visto que a maior concentração de maçons italianos se localiza em Nápoles, Sicília e Calábria, ou seja, os lugares de maior concentração mafiosa e que tudo isto tenha lugar em um país que se convulsionou com o escândalo da P-2, transformando em inquietante este episódio.
Igualmente inquietante é o "Registro de Maçons" estabelecido no Reino Unido a raiz da denúncia interposta pelos advogados dos "seis de Birminghan". Em verdade, em meados dos anos 80, um grupo de cidadãos de Birminghan foram confundidos com membros do Exército Republicano Irlandês e condenados a duras penas de prisão. Os acusados sempre sustentaram, não só a sua inocência, isto mesmo após terem sido submetidos a maus tratos e torturas. Em 1995, depois de uma revisão do judiciário, foram inocentados de qualquer culpa e ou responsabilidade.
Porém a investigação prosseguiu até março de 1997, se supões que, desde o princípio, a Scotland Yard conhecia a inocência dos acusados, só que para acobertar o erro dos primeiros funcionários que realizaram as detenções, membros da maçonaria inglesa, seus irmãos da Ordem, fiscais, juizes e advogados, pertencentes todos eles a mesma loja, decidiram camuflar as provas apresentadas pela defesa e condenar todos os acusados.
Isto ocorreu em um momento de crise da maçonaria britânica. Presidida pelo Duque de Kent, a Grande Loja Unida de Inglaterra sempre tem estado muito ligada a casa real. Os sucessivos divórcios e escândalos que tem sacudido a monarquia inglesa, tem repercutido desfavoravelmente na imagem da maçonaria. A isto se soma a oposição e desconfiança com que Margaret Tatcher tratou sempre a instituição, procurando limitar sua influência.
O caso dos "seis de Birminghan", evidenciou um segredo a vocês desde os tempos de Jack "o estripador": que a militância na maçonaria é uma boa credencial para ascender na Scotland Yard, instituição cuja cúpula, tradicionalmente, conta com um número de maçons excepcionalmente alto. O Parlamento sugeriu a criação de um "registro obrigatório de maçons" com o que a tradicional confidencialidade da ordem seria quebrada.
Porém a aventura mais inquietante que se tem visto envolve a maçonaria moderna e, sem dúvida, a protagonizada pela Loja italiana Propaganda 2.
UMA LOJA ATÍPICA NO CENTRO DO TERRORISMO
Lício Gelli, nascido em 1919, ingressou aos 45 anos na Loja Propaganda 2. Era 1965. Quatro anos depois, membros desta loja começaram a protagonizar atos de violência e atentados terroristas inusitados na Europa. e isto durou quinze anos. Em 1980, Gelli foi nomeado Grão Mestre da P-2. Dois anos depois, apesar de ser um dos homens mais poderosos da Itália, tinha encima de si ordens de busca e captura... Como havia conseguido chegar até ali?
Os escândalos da Loja P-2 se movem em três direções: de um lado sua participação nos principais episódios do terrorismo na Itália, do outro no caso da quebra do Banco Ambrosiano e, finalmente, na rede do tráfico de influências políticas.
A partir da sua fundação, a P-2 havia contado com a presença de um numeroso grupo de oficiais dos serviços de informação italianos (primeiro do SIFAR e logo do SID). Em 19 de dezembro de 1969, estoura uma bomba na Banca de Agricultura de Milão. Morrem 12 pessoas e o impacto causado na opinião pública foi impressionante. O ato foi atribuído sucessivamente a extrema-esquerda e logo a extrema-direita. Seu resultado político reforçou o governo de centro- esquerda e, em concreto, a figura de Andreotti.
Quatro anos depois, se produziu o atentado ao trem "Italicus" e uma bomba causou meia dezena de vítimas na Praça da Loja de Brescia. No princípio dos anos 80 foram responsabilizados de todos estes atentados, membros do SID. E outro tanto ocorreria com o atentado a estação de Bolônia em agosto de 1980, o atentado mais sangrento cometido em tempo de paz na Europa com quase uma centena de mortos.
Cada um destes dramáticos episódios se produzia em momentos graves da política italiana e era utilizado como desculpas para recompor as forças e conquistar noticias, as manchetes fizeram com que, a raiz do crime passasse despercebida. Em 1980, a magistratura italiana havia descoberto uma rede de tráfico de influencias em que estavam implicados vários generais da Guarda de Finanças, membros da P-2. A tensão emocional vivida através do atentado de Bolônia fez com que durante anos o caso fosse bloqueado. Em 1969 e 1974, quando se produziram os atentados de Milão, o Italicus e Brescia, a centro- esquerda perdeu de se fortalecer com a desculpa de fazer frente ao inimigo comum, os terroristas que atuavam na sombra.
Em 1980, alguns juizes italianos começaram a dirigir suas pesquisas para apurar os responsáveis pelos atentados, porque até este momento haviam seguido pistas equivocadas. Caprichosamente, em todas as investigações, se alcança um ponto em que aparece a SID e, mais de concreto, os nomes de uma série de oficiais da inteligência desta instituição. E se os implicados nestes atentados foram manipulados pela SID? E se a SID criou pistas falsas, desviou investigações e indiciou falsos culpados? Os nomes de Gianadelio Maletti, Antônio Labruna y Stefano Viezzer, encabeçam e aparecem nos novos sumários instruídos. Em 1982, os magistrados deram um novo passo a frente em suas investigações ao estabelecer que estes oficiais da SID eram, ao mesmo tempo, membros e os mais veteranos da Loja P-2.
A loja estava atras dos episódios mais violentos ocorridos na Itália entre 1969 e 1984, perpetrados para favorecer os interesses políticos de seus afiliados. Quando em março de 1981 a policia revista "Villa Wanda" em Arezzo, a residência de Licio Gelli, lá encontrou uma lista com 900 filiados da P2. Entre eles estava o nome de Júlio Andreotti, principal beneficiário político dos massacres e hoje processado pôr suas implicações com a máfia Siciliana e a Camorra napolitana.
Tina Anselmi, presidente da Comissão Parlamentar que investigou a desestabilização política entre os anos 70 e 80 na Itália, declarou que os filiados da P-2 chegaram a ser 2.500. Se ignora o nome de 1.600. Normalmente uma loja maçônica dificilmente tem mais de 50 filiados. Podemos supor que uma "loja" de 2.500 membros é, praticamente inviável e seu sistema de organização, gestão e atuação, deve, necessariamente, de ser muito diferente a uma loja regular. A P-2 era muito mais que uma "loja selvagem", não reconhecida pôr nenhuma "obediência " (federação de lojas que reconhecem uma única autoridade) era uma verdadeira rede de poder tentacular. Seus vínculos com o terrorismo, a máfia e a CIA, evidenciam que não titubeavam, no seu auge, na hora de utilizar meios ilícitos para conseguir sus fins e intentos.
LA QUIEBRA DEL AMBROSIANO
Michele Sindona, banqueiro vinculado aos círculos mafiosos norte americanos, amigo pessoal de Paulo VI e de Licio Gelli, Grão Mestre da P-2, teria desde o início boas relações com o Vaticano e com os gestores do Instituto de Obras da Religião (banco do Vaticano). Graças a Umberto Ortolani, outro membro da P-2 introduzido no Vaticano, trocou favores com Paul Marcinkus, diretor do IOR, banco do vaticano. Marcinkus investiu dinheiro do IOR no Banco Ambrosiano de Michele Sindona e este utilizou a rede bancária do Vaticano para lavar dinheiro da máfia. Licio Gelli - com seus contatos na Guarda de Finanças, nos Serviços Secretos e no governo- conseguia garantir impunidade para todas estas operações.
Com a morte de Sindona, assumiu a direção do Banco Ambrosiano, Roberto Calvi, tesoureiro da P-2. Foi no seu mandato e a seu mando que se produziu a quebra da instituição cujas dívidas assumiu o IOR Vaticano. A morte de Paulo VI e o fugaz pontificado de João Paulo I precipitaram esta situação. O novo papa tentou clarear a situação e romper os vínculos que ligavam o Vaticano a máfia, a maçonaria e a CIA. Morreu em circunstâncias misteriosas e a situação seguiu igual. As suspeitas sobre a morte de João Paulo I apontaram sempre em torno do envolvimento do Vaticano com a P-2. Calvi, apareceu morto em Londres, aparentemente suicidou-se. Em março de 1997 foi estabelecido que ele havia sido assassinado pôr mafiosos de cujo dinheiro havia tentado de apropriar. Em que ponto entra a máfia nesta sinistro trama?
CIA - MAFIA - P2 : LA SANTA ALIANZA
Em julho de 1990 a magistratura italiana encontrou um dossiê com o correspondente da RAI, Enio Remondino em que figuravam as declarações do ex-agente da CIA, Richard Brenneke. Neste dito dossiê estavam apontados provas sobre as vinculações entre a CIA e a P-2. Segundo esse dossiê, a CIA protegeu e financiou a P-2 no início dos anos 70 até meados dos ano 80; a CIA, se servia da rede de contatos na Europa da P-2 para traficar com drogas e cometer atentados terroristas. Em um trecho deste dossiê se falava do caso Iran-Contra meses antes deste vir a tona, dava veracidade a esta documentação. Acusava-se então o vice-presidente Bush de haver negociado com Komeini o atraso na entrega da Embaixada Americana no Iram em 1980, Ao que se produziram as eleições americanas que deram o triunfo a Reagan.
Como contrapartida, a CIA entregaria, a través de Gelli, armas ao país Islâmico. Porém, havia muito mais. Olof Palme, conhecedor de todos estes aspectos, foi assassinado pela máfia seguindo instruções da CIA, delegadas através da P-2. Poucos meses depois outro ex-agente da CIA, Ibrahim Razim confirmou estes extremos.
Razim afirmou que Gelli, ao final de 1986 enviou um telegrama do Brasil a Philip Guarino, um alto dirigente do Partido Republicano do EEUU anunciando a morte de Palme. O telegrama pedia a Cuarino, colaborador próximo de Bush que comunicasse ao "nosso amigo" que "teria que calar o árvore sueca". Três dias depois Palme foi assassinado pôr um desconhecido, quando voltava a pé e sem escolta, junto a sua esposa, de um cinema.
O juiz Francesco Monastero apurou que a CIA chegou a entregar a P-2 mais de 10 milhões de dólares mensais. O ex- agente da CIA, Dick Brenneke declarou ao juiz que "nos temos nos servido da P-2 para criar situações favoráveis a explosão do terrorismo na Itália e em outros países europeus nos primórdios dos anos setenta". Declarou que "a P-2 está ainda viva e segue sendo empregada para a mesma finalidade para a que foi utilizada nos primórdios do anos setenta". O tráfico financeiro entre a CIA e Gelli havia passado através de uma sociedade de Luxemburgo, denominada "Amitalia fund", possuidora de uma conta secreta (número 27321) na União de Banco Suíça de Zurique.
MASONERIA Y CORRUPCION
Quando a polícia italiana se inteirou da lista parcial de membros da P-2 se surpreendeu com um nome que até esse momento havia estado dedicado só ao mundo das finanças e da comunicação: Silvio Berlusconi, carnê número 1816 da P-2 Se antes da "operação mãos limpas" que desmontou o antigo regime corrupto dos partidos, a P-2 contava entre suas fileiras com os expoentes máximos daquela situação, Giulio Andreotti, inaugurou uma nova etapa, a P-2 pode colocar um dos seus nomes mais ativos, Silvio Berlusconi, no parlamento e, durante uns meses, na chefia do governo. A P-2 sempre buscou uma intervenção direta na política. De resto, sua participação em distintos atentados terroristas e escândalos de corrupção, não tinha outra finalidade que não fosse a de melhorar a situação dos seus homens no ranking político italiano. E melhora-los queria dizer oferecer a possibilidade de realizar novos e melhores negócios. Berlusconi foi, nesse caso, um verdadeiro ás. Outros morreriam tentando.
Em 14 de maio de 1995 foram detidos dois antigos funcionários da SID acusados de haver cometido perjúrio no caso do escritor assassinado Mimo Pecorelli. Pecorelli, diretor do semanário "Observatório Político" havia sido membro da P-2 e acabou assassinado em Roma em 20 de março de 1979. Pecorelli estava sendo considerado como um chantagista político e seu semanário estava sendo financiado pela SID. Segundo a fiscalização de Roma sua morte foi ordenada pôr Gulio Andreotti, companheiro de Loja e várias vezes chefe de Governo e Ministro. O crime foi cometido por mafiosos recrutados por Pipo Caló, da máfia. Os detalhes desse crime furam contados aos magistrados pelo mafioso arrependido Tommasso Buscetta. Segundo Buscetta, a máfia, dirigida na época por Stefano Bontate, quis intervir na liberação de Aldo Moro, seqüestrado pelas Brigadas Roxas. Caló, melhor relacionado com os círculos do poder que Bontate, fez ver a este que a Democracia Cristã, o partido de Aldo Moro, não o queria livre. Moro foi, literalmente, abandonado a sua sorte.
Em 1980 os carabineiros encontraram em Milão um esconderijo das Brigadas Roxas e entregaram ao general Della Chiesa as memórias do político assassinado, escritas no cativeiro. Nessas memórias, Moro revelava aspectos dúbios da classe política. Della Chiesa entregou fotocópias destas memórias a Andreotti e ao periodista Pecorelli que os fez chegar a seu Venerável Mestre, Licio Gelli. Meses depois, Pecorelli quis se tornar independente dos seus mentores, a SID e a P-2, e pretendia publicar estas memórias em sua revista, assim como documentos que comprometiam a Andreotti com a máfia. Pouco depois apareceu assassinado. A máfia disparou porém a P-2 indicou a vítima. A P-2 foi onipotente, mesmo na centro-esquerda (democratas cristãos, porém, socialistas) detentores do poder na Itália.
P-2 NA AMÉRICA LATINA
Licio Gelli considerava o Cone Sul como uma área preferencial para realizar intervenções, lavar dinheiro e obter facilmente o controle político. Gelli integrou Perón na P-2 pouco antes de seu regresso a Argentina. A incorporação se realizou em Madri, na residência habitual do general Perón no exílio. Há que se recordar que, nesta época, Perón tinha suas faculdades mentais muito abaladas por uma arteriosclerose progressiva. Gelli, junto ao líder peronista Héctor Campora, convenceu a cúpula militar, sobre a transição da ditadura ao peronismo. Este plano contou com o apoio do Grão Mestre da maçonaria argentina, César de Vega, recompensado logo a seguir com uma subsecretaria no Ministério do Bem estar Social, o mesmo ministério que logo dirigiu Raúl López Rega (a) "o Bruxo", ocultista e fundador da seita secreta "Ordem dos Cavaleiros de Fogo", assim mesmo membro da P-2.
Gelli recebeu por todas estas gestões a Grã Cruz do Libertador San Martín das mãos de Perón, a mais alta condecoração argentina. Anos depois, Gelli, navegava em águas turbulentas, estava com boas relações com os inimigos jurados do peronismo, a nova junta militar. Em 30 de maio de 1981 foi convidado para posse do General Viola, sucessor do General Videla a frente do governo militar argentino. Gelli havia conseguido introduzir na P-2 o almirantes Massera, membro da Junta e seu ajudante, o almirante Mason. Assim, foi Gelli, caso único de camaleonismo político, mantendo boas relações na Argentina...
O papel histórico da maçonaria tem se consistido em abrir o caminho para as democracias liberais, a partir da Revolução Americana. Porém, não era esta a tarefa para a que havia sido criada: institucionalmente o de promover aperfeiçoamento do ser humano e a prática da filantropia. Durante dois séculos e meio a maçonaria tem oscilado entre praticar sua bagagem iniciática e esotérica ou converter-se em defensora e patrocinadora de determinadas idéias e influências políticas. Hoje, todavia, a polêmica não está resolvida. Nada assegura que não podem ocorrer novos casos como o da P-2. Nada assegura que o papel positivo da maçonaria na construção da Europa, não se traduza logo em corruptelas, tráfico de influências e informações privilegiada. A única garantia de que isto não voltará a ocorrer é o de que a maçonaria se volte para os seus conteúdos originários : Ser os grandes herdeiros e continuadores da Grande Tradição Iniciática.